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Guadalupe T Pante
A IMPORTÂNCIA DE CRIÚVA
30/06/2022
Justificar a importância da existência de um lugar e de sua civilização é fazer uma
análise do ponto de vista de quem o descreve, sendo assim:
Criúva tem uma magia do interior, daqueles lugares que tu chegas e já ficas
procurando as pessoas pelas ruas. Não vendo as pessoas bate aquela sensação de estarmos
em “uma cidade fantasma”. Só que o verde dos gramados bem aparados, o colorido das casas
com pinturas bem caprichadas e as flores nos canteiros, logo se vê que é um equívoco assim
pensar.
Ah sim, esta é apenas a descrição da parte central de Criúva, “o vilarejo” de Criúva,
composto por uma larga avenida e menos de uma dúzia de ruas, mais de 100 casas onde vivem
ao redor de 200 habitantes, onde todos se conhecem e podem, literalmente, contar muito ou
alguma coisinha sobre cada vivente, também se contam muitos “causos” dos que já “bateram
as botas”, se foram desta vida “para uma melhor” como é de costume se dizer em Criúva.
A partir do “vilarejo” de Criúva partimos por outros caminhos: ao norte é o caminho
que nos leva à Ponte do Korff, uma das mais lindas e hoje mais bem preservada ponte de ferro
da Serra Gaúcha. Está sobre o Rio das Antas, um dos rios mais importante da Serra Gaúcha que
passa por Caxias do Sul apenas neste trecho de Criúva, são aproximadamente 40Km de Rio das
Antas que limitam o município de Caxias do Sul com os municípios de Monte Alegre dos
Campos e Campestre da Serra.
À oeste de Criúva temos o Rio Ranchinho é o limite geográfico de Caxias do Sul com o
município de São Marcos. À leste temos o Rio Lajeado Grande, que é limite entre Caxias do Sul
e o município de São Francisco de Paula.
Faz-se aqui também muito necessário o registro dos rios menores, conhecidos como
“arroios” na linguagem popular. É um diminutivo, mas de grandiosidade e riqueza sem igual:
Arroio Mulada e Arroio Sepultura, por exemplo, descrever vossas cachoeiras e cascatas é uma
tarefa simples para os poetas românticos, são os presentes mais lindos que a “mãe natureza”
decidiu compartilhar com os “Criuveiros” e visitantes.
Mas, como se não bastasse a Cachoeira da Mulada e a Cascata do Sepultura, se tem
em Criúva, no meio dos campos, como um monumento à Natureza: o Cânion Palanquinho! O
Arroio Caixão, que em algum momento da idade da face da Terra já foi gigantesco, mais todas
as intempéries dos últimos 120 milhões de anos, foram responsáveis por tornar a paisagem de
dentro do cânion, de fora do cânion, de cima e de baixo do cânion (como se desejar), num
paraíso.
Pronto, está encontrada a palavra que melhor descreve Criúva, que justifica sua
existência para nós seres humanos e para todos os seres vivos da terra: um paraíso onde se
desenvolve a agricultura, a silvicultura, a pecuária e onde há leis de preservação ambiental.
Também há lixos sendo destinados equivocadamente e águas servidas não sendo tratadas da
melhor forma. Sim, vamos colaborar com a preservação jogando limpo com nossos problemas
no meio rural, já que na cidade as coisas que não devem ser vistas, ou não se quer ver, ficam
enterradas, no meio rural está bem a vista, a céu aberto.
Em termos de história temos em Criúva a consolidada Festa do Divino Espírito Santo
que ocorre todos os anos, no mês de maio. Também está aberto o ano todo, todos os dias da
semana, o Memorial Irmão Bertussi em São Jorge da Mulada. Logo em frente, nos finais de semana ou com reserva, está a casa da Fazenda Bertussi, quem quiser conhecer uma boa fatia da história da música tradicionalista gaúcha é de Criúva que se deve aproximar.
Preservar este paraíso e toda sua história já justifica a preservação de Criúva. Mas
serve também para todos os locais, não é mesmo? Todos os locais, todas as pessoas, animais e
plantas devem ser vistas desta ótica, certo? Parece razoável sermos justos com todos, mas
como a propagação de melhorias através de ações conjuntas nos favorece, temos que nos
apropriar destes pontos citados e muitas outras coisas boas que Criúva tem para não
perdermos mais nada, só agregar, preservar e valorizar. A dica é alavancar um Turismo
renovado pela força do empreendedorismo que possa ter o apoio do município de Caxias do
Sul que deve estruturar o distrito dentro dos princípios da sustentabilidade.
Há muito o que se pensar, há muito o que se planejar, há muito o que se fazer em e
para Criúva como um todo, ficando claro e evidente a importância de cada morador de cada
canto de Criúva, ou seja: São Jorge da Mulada, Agudo, Linha Café, Santo Antônio, Marmeleiro,
Capela de Santa Catarina, Boqueirão, Linha Suzin, Linha Taimbé, Coxilha do Tigre, São João da
Mulada, Nossa Senhora Aparecida, Dalagno, Rincão das Flores, São Francisquinho, Menino
Deus, Rincão Feio, Horn, Palanquinho, Casa Branca, Fundo Quente, Linha Gonçalves, Linha
Nossa Senhora de Fátima
São aproximadamente 2.000 habitantes dispostos a viver com tranquilidade, pois é o
que a Criúva pode oferecer. Parte destes moradores tem a forte cultura do bem-receber, do
bem-acolher após ouvir o tradicional grito “Oh de casa”, pois a hospitalidade do gaúcho
serrano, a bondade da gente do interior que conseguiu e consegue atrair sempre mais pessoas
para desfrutarem a paz que o meio rural pode proporcionar aos que um campo, um terreno,
uma colônia ou um sítios aqui possam desejar comprar, ou então ao visitante sedento de
sabores, cheiros e lembranças, que possam viver e levar através de experiências sensoriais,
paisagens deslumbrantes, banhos de rios e arroios sem poluição, respirar ar puro de
qualidade.
Literalmente Criúva e seus rincões são uma preciosidade, uma pedra bruta a ser
lapidada, tem nome de árvore nativa dos Campos de Cima da Serra, ou seja, raízes fincadas no
chão e galhos apontados para cima (em frente, com direção). Tem o carinho das pessoas que
um dia tiveram que deixá-la, tem oportunidades para acolher os que desejam voltar ou ir e
investir em pró de manter esse paraíso para muitas gerações e, quiçá, um dia, se orgulhar ao
ser a referência nacional, ser: “Uma Bela Vila Turística”.